Revista Magma 12 2015

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disponível em http://www.revistas.usp.br/magma e também no ISSU (http://issuu.com/revistamagmatllc/docs/magma-ed12_book_issuu-2__1_)

 

Editorial

“Mais um número de Magma vem à luz, e ainda buscando caminhos...” Em cada nova edição podemos ver o magma, o unguento espesso de questões que instigaram as múltiplas comissões editoriais desta revista. Se, por exemplo, no número 5, os editores se depararam com a contingência de “a cada número, a equipe sofrer fluxos e refluxos”; no número 6, a questão que encontramos exposta no editorial é a de “como tornar a Magma de fato útil para os pós-graduandos da área, e estimulante?”. Sem nos aprofundarmos aqui no árduos problemas das utilidades e estímulos, este é apenas um brevíssimo escopo das tensões que marcaram os trajetos da revista ― repercutindo dilemas intrínsecos ao programa de Teoria Literária e Literatura Comparada, do qual fazemos parte ― e que, indomesticáveis, retornam e se proliferam a cada edição.
 Fruto das tentativas de responder a tais e tantos outros problemas que se puseram à nossa frente ao longo da gestação deste número 12 da revista ― oriundas do desenvolvimento das tensões da Magma em todas as suas edições e também do violento processo de mercantilização, burocratização e plastificação do ensino em todas as instâncias ―, o leitor irá encontrar algumas modificações significativas por aqui. Não soluções, mas adventos. Pela primeira vez, passamos a selecionar artigos de dentro e fora do programa por meio do processo de avaliação por pares, que pôde abrir instâncias de discussão entre avaliadores e autores, e de adensamento de artigos e pesquisas em curso, método que ainda estamos tateando. E acompanhado desta mudança estrutural, realizamos também alterações na identidade visual da revista. Um novo logotipo da Magma foi criado, e sua diagramação remodelada. As seções anteriores da revista foram mantidas, mas com uma nova proposta para seus nomes:
Erupção, dedicada a entrevistas, palestras e debates literários com escritores, críticos e professores, inclui nesta ocasião o ensaio do Prof. Franklin Leopoldo e Silva, “A expressão do drama da liberdade em Sartre”, que versa sobre as relações entre literatura e filosofia na obra do escritor francês e foi apresentado como palestra de abertura do VI Seminário de Pesquisa em Teoria Literária e Literatura Comparada, realizado na Universidade de São Paulo em abril de 2015.
Já para a seção Tectônicas, foram selecionados quatro artigos por meio do processo de avaliação ad hoc: Luciano de Souza troca em miúdos o sarcasmo do discurso de Mefisto no Fausto de Goethe; Murillo Clementino de Araujo analisa a dialética da representação na passagem do romance tradicional para o modernista; Fábio Salem Daie explora a relação entre as concepções literárias de Adorno e Lukács a respeito de Beckett; e Edgard Tessuto Junior aproxima literatura e pintura na obra de Iberê Camargo pela perspectiva da infância.
A seção Lava apresenta os trabalhos de conclusão de curso selecionados pelos ministrantes das cinco disciplinas de pós-graduação do 2° semestre de 2014 do DTLLC: A dinâmica das formas: a prosa de ficção, da Profª Regina Lucia Pontieri; Aspectos da relação entre experiência e narrativa, da Profª Andrea Saad Hossne; Prosa, drama e performance na obra final de Samuel Beckett, do Prof. Fábio de Souza Andrade; Poéticas e políticas da voz, do Prof. Roberto Zular; e Literaturas da floresta, da Profª Lúcia Sá, esta última realizada em parceria com o Programa de Literatura Brasileira.
Xenólitos, palavra que emprega o mesmo étimo que xenofobia, mas para dizer o contrário: uma pedra abrigada, envolvida no interior de outra pela ação vulcânica, pedra estranha, dá nome à nossa seção tradutória, que conta com poemas de Heine e Wedekind vertidos por Vinícius Marques Pastorelli e ainda um conto da tradição Sael, do ocidente africano, traduzido por Ana Luiza de Oliveira e Silva.
E Piroclastos, fragmentos de fogo expelidos pela erupção, é a palavra-imagem que propomos para a seção de criações literárias, que aporta poemas novíssimos e densíssimos de Fabio Weintraub, Pádua Fernandes e Cândido Rolim, além do belo conto de Cris Torres.
 Este novo número, que agora vem a público, é sobretudo o retrato “do processo de ebulição de ideias”, vivo e multifacetado, de pós-graduandos do programa de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo, que encontrou nos questionamentos que brotaram da atividade editorial uma instância de reflexão crítica  sobre diferentes aspectos que envolvem as teorias e as práticas discentes na área. Ao longo do último semestre, a revista foi tomando forma nos pontos de conexão e de tensão entre a tradição e o novo, entre teoria literária e literatura comparada. Entre tudo aquilo que é capaz de romper e ressoar na in-definição dos pólos constituintes do programa, expressas pelo “e” de seu nome, esta fresta que se abre ao subterrâneo na superfície de nosso cotidiano, dando lugar ao plasma: “recôndito ardimento, suave teia.”
 Assim, esperamos que os impasses dos textos e do processo editorial que os avaliou e apresentou magnetizem nosso leitor-Íon, fazendo com que a Magma 12, ao vir à superfície não se resfrie, mas permaneça bubuiando.
 
Boa Leitura!
Comissão editorial da