Revista Magma 09 - 2004/2006

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  Magma 9 - 2004/2006

Editorial

Revista Magma, como o próprio nome indica, tem como objetivo retratar o processo de ebulição de idéias que ocorre na pós-graduação do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada. É nesse espaço reservado para as produções recentes e inéditas de análise e crítica, de tradução e criação, que a nossa comunidade especializada em literatura tem mais uma oportunidade de se expressar e de dialogar.

Este número da Magma sinaliza algumas mudanças. Para começar, uma nova comissão editorial foi composta. Procuramos manter a identidade da revista no que diz respeito às seções, visando, entretanto, apresentar uma diversidade maior de temas e enfoques. Assim, como recebemos muitos - e bons - ensaios sobre poetas e ficcionistas brasileiros para este número, inclusive de pós-graduandos de outros departamentos da universidade, optamos por selecionar para a publicação apenas uma abordagem referente a cada autor. Nossa escolha se pautou, sobretudo, pela diversidade temática e pela originalidade dos trabalhos.


Voltando um pouco no tempo, a leitura da Magma nos permitirá descobrir algumas questões que animavam outras gerações. No cenário cultural de 1939, Mário de Andrade e Jorge Amado, entre outros, polemizaram a respeito de estética e engajamento. Já na década de 40, quando Manuel Bandeira publica o poema-homenagem "Casa Grande & Senzala", constatamos as afinidades ideológicas entre o poeta e o sociólogo Gilberto Freyre, que revelou com grande nitidez as contradições da nossa identidade cultural. Ainda na mesma década, nos encontramos com o Carlos Drummond questionador e participativo em "A morte do leiteiro" e nos deparamos a seguir com o Guimarães Rosa mestre da narrativa e ficcionista do seu próprio leitor.

Além desses encontros e reencontros com escritores brasileiros do século XX, a leitura dos ensaios da Magma nos leva a conhecer o universo da literatura em outros tempos e outros espaços. Vamos descobrir, no processo de construção de paisagens exteriores e interiores, "afinidades eletivas" entre a obra de Machado de Assis e Almeida Garrett. E, seguindo essa mesma temática do espaço, chegamos ao fantástico mundo de Cortázar através do ensaio "A porta como ponto vélico".

Como se sabe, nada substitui o contato na troca de experiências e vivências. Por isso, reservamos um espaço especial para a seção de entrevista que abre este número. Nesse nosso encontro com Alberto Martins, será possível conhecer de perto as opiniões de um artista plural, que trabalha tanto com literatura quanto com xilogravura e escultura. Martins faz algumas observações instigantes: para ele, o livro deve ser visto como "um veículo público" e a literatura, como "um meio de transporte coletivo", comunitário. Outra questão que ele levanta é a da percepção do tempo histórico: o artista, como criador, precisa conhecer as perguntas que levam à produção da arte na sua época. Para enriquecer ainda mais o conjunto, esta seção traz alguns poemas inéditos do autor, que comparece também com as gravuras que compõem a revista.

Nas seções de criação e tradução, podemos sentir a presença de vários estilos e diferentes climas: da fragmentação da linguagem na poesia de Andréa Catrópa, da sensualidade e sensorialidade nos belos poemas do italiano Cesare Pavese e de um estranho humor no conto "Dá-lhe, coração!" do escritor russo Vassíli Chukchin.

Por fim, gostaríamos de agradecer à professora Viviana Bosi, que não só incentivou a retomada da revista após os três anos que se passaram depois da publicação do número 8, como também, dando total autonomia para a comissão editorial, esteve pronta para aconselhar e acompanhar todos os passos na composição deste número.

Boa leitura a todos!


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Entrevista

De passagem: um bate-papo com Alberto Martins
Por Carlos Martin, Paula Passarelli e Silvana Moreli Vicente

Ensaios

Arquitetos de ruínas: espaço e melancolia em Machado de Assis e Almeida Garrett (uma aproximação contrastiva)
Ravel Giordano Paz

Aproximação de um problema: a ficção do leitor nas tramas de Guimarães Rosa

Mônica Gama

A porta como ponto vélico
Susan Blum Pessôa Moura

Palavras em falso e literatura engajada nos anos 30: Mário de Andrade e "A raposa e o tostão"
Thiago Mio Salla

Manuel Bandeira, autor de Casa-grande & senzala
Éverton Barbosa Correia

"Ladrão se mata com tiro": lírica e autoritarismo em "Morte do leiteiro" de Carlos Drummond de Andrade
Cristiano Augusto da Silva Jutgla

Criação

Poemas de Andréa Catrópa

Tradução

Quatro poemas de Cesare Pavese
Maurício Santana Dias

Dá-lhe, coração! - Vassíli Chukchin
Fátima Bianchi


 

Comissão editorial

Carlos Martin
Elizabeth Rocha Leite
Paula Passarelli
Silvana Moreli Vicente
Silvia Dafferner