Literatura e Sociedade N.12 (2009)

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Literatura e Sociedade N.12 (2009)

 

A Revista Literatura e Sociedade está disponível online no Portal de Revistas da USP. Confira o conteúdo completo deste número, acessando nossa página: http://www.revistas.usp.br/ls/issue/view/1491

 

Editorial

             A revista do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada (FFLCH-USP), Literatura e Sociedade 12, dá continuidade aos estudos centrados na produção teórico-crítica de Antonio Candido. E, neste outro volume, reitera-se a homenagem que a ele prestamos. O eixo da revista continua sendo em torno de uma das linhas de pesquisa do departamento, que também dá nome à revista. Nesse debate diversificado, que congrega intelectuais do Brasil e do exterior, mantém-se como diretriz privilegiar diálogos com Antonio Candido, tanto por meio de entrevistas, como por enfoques de sua obra, graças aos quais podemos divisar diferentes perspectivas críticas. Nos números 11 e 12 de Literatura e Sociedade colaboram pesquisadores e críticos de várias universidades do Brasil (UFRJ, UFRGS, UFSC, UFPE, PUC-SP, UNICAMP, USP) e do exterior (Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Alemanha). Movendo-se pelo campo das humanidades, os textos acolhem estudos provenientes de diversas áreas, como Sociologia, Historiografia, Filosofia, Antropologia, Dramaturgia, e com maior concentração na Literatura e na Crítica Literária. As discussões ora se concentram numa obra específica de Antonio Candido, ora num determinado ensaio, ora num conjunto de obras e de análises interpretativas. Entre os títulos da produção teórico-crítica, encontram-se: Formação da literatura brasileira; A educação pela noite e outros ensaios; Presença da literatura brasileira; Tese e antítese; O discurso e a cidade; Vários escritos; Recortes; O albatroz e o chinês; Teresina etc.; Um funcionário da monarquia; Parceiros do rio Bonito.

             Seguindo diretrizes da revista, os trabalhos foram ordenados em três partes: Entrevistas, Ensaios e Depoimentos. No primeiro tópico, diferenciando-se do número anterior (em que os entrevistados falam sobre a obra de Antonio Candido), a presente publicação contém entrevistas que foram feitas com Antonio Candido. Assim, na abertura encontra-se uma entrevista-questionário, com perguntas elaboradas por Pablo Rocca (Universidad de La República, Uruguai), sob o título de "A experiência hispano-americana de Antonio Candido". A entrevista de Luís Augusto Fischer (UFRGS) é antecedida por uma breve apresentação. Com interesse voltado para o leitor do Rio Grande do Sul, conforme afirma, o crítico situa boa parte de suas perguntas em questões sobre regionalismo. Segue-se uma dupla entrevista com Antonio Candido e José Mindlin, realizada por Walnice N. Galvão (DTLLC). O texto contém uma reprodução parcial do que foi publicado na revista D.O. Leitura. Esse vivo diálogo está marcado por reflexões críticas sobre o modernismo brasileiro. A seção Ensaios foi subdividida em quatro segmentos. O primeiro deles, Passagens, é encabeçado pelo artigo "Ar de família: a turma de Clima" de Heloísa Pontes (DA-UNICAMP), e se ocupa da formação do grupo criador da revista Clima (1941-1944). Além de focalizar a atuação no campo editorial, discutem-se também questões relativas aos primeiros passos profissionais de Antonio Candido relativos ao exercício da crítica literária. Ainda com respeito à produção do crítico na década de 1940, o artigo "O Brasil dos caipiras" Os parceiros do rio Bonito, de Luiz Carlos Jackson (DS-USP) mostra facetas de uma leitura interpretativa direcionada para processos formadores e modernizadores do meio local, tendo como eixo a esfera social em que se inclui o caipira. O estudo se refere à tese de doutoramento de Antonio Candido em Sociologia, defendida em 1954, na USP. Na continuidade, inscreve-se "Na sala de aula: Antonio Candido e a crítica literária acadêmica (1961 - 1970)" de Rodrigo Ramassote (Mestre em Antropologia. DA-UNICAMP). Sua proposta é discutir frentes de atuação de Antonio Candido no campo da Teoria Literária e da Literatura Comparada, entre 1961 e 1970, centrando-se em dois cursos por ele ministrados: "Análise crítica do romance" e "Análise poética: Mário de Andrade". No conjunto que constitui Literatura e sociedade encontra-se o ensaio de Edu Teruki Otsuka (DTLLC-USP), "Literatura e sociedade hoje", tomando por base o livro de mesmo nome que Antonio Candido publicou em 1965. O estudo se vale de alguns comentadores para discutir diferentes pontos de vista analíticos em relação à obra mencionada. O artigo de Paulo Arantes (DF-USP), "O recado dos livros", amplia esse rol de debates, propondo reflexões em torno de uma palestra que Antonio Candido proferiu na inauguração da Biblioteca da Escola Nacional Florestan Fernandes do MST, em 2006. O comentário alude ao ensaio "O direito à literatura", que integra a obra Vários escritos. Arantes volta seu interesse para a função social da cultura letrada numa sociedade de marca desigual como é a brasileira. Nesse aparato diversificado inclui-se o ensaio de Maria Sílvia Betti (DLM-USP), que, em "Antonio Candido e ‘A culpa dos reis’", situa uma obra clássica da dramaturgia, analisada pelo crítico, destacando seu enfoque em determinados procedimentos de transgressão e mando, presentes num estudo sobre a tragédia Ricardo II de William Shakespeare. No ensaio seguinte, "A hybris e o híbrido na crítica cultural brasileira" (in Antonio Candido y los estudios latinoamericanos), Raul Antelo (UFSC) discute questões relativas à interpretação crítica de Antonio Candido, nela diferenciando e enfatizando a presença da tradição dialética e da tradição nietzscheana. Por esse intermédio destaca o papel relevante desempenhado pela crítica de Antonio Candido na produção de saber. O tópico Variações:Tese e antítese. O discurso e a cidade introduz-se com o artigo "Dois em um" (Notas sobre Tese e antítese e O discurso e a cidade) de Joaquim Alves de Aguiar (DTLLC–USP), com o exame de dois livros de Antonio Candido – Tese e antítese (1964) e O discurso e a cidade (1993). Entendendo-os como fundamentais na trajetória do crítico, o ensaísta argumenta que as duas obras se completam, girando em torno de um eixo comum, definido como "a humana luta pela felicidade". Dando prosseguimento às leituras, Modesto Carone (UNICAMP) apresenta "O discurso e a cidade: quatro textos de Constantino Cavafis; Franz Kafka; Dino Buzzati; e Julien Gracq, esperas", em que ilumina problemas relacionados a um "mundo-catástrofe" que avultam nas interpretações de Antonio Candido. Integra também esse conjunto, um texto escrito por Jerusa Pires Ferreira (PUC-SP), "Antonio Candido em letra, voz e história", procurando realçar em O discurso e a cidade uma metodologia crítica particular. Nesse entender, privilegia aproximações entre Literatura e História. O último andamento traz Ivone Daré Rabello (DTLLC-USP) com "Trajetos dos discursos na órbita da vida contemporânea" – Perspectivas de leitura de O discurso e a cidade. Seu intuito é apresar modos de ser da crítica de Antonio Candido pela mediação da arte literária desentranhada do texto. Para isso, expõe questões referentes à realidade histórica e política presentes na obra. Em Dinâmicas da obra, marca-se a presença de Boris Schnaiderman (DLO-DTLLC-USP) com "Teresina e seus amigos. Nesse artigo o crítico argumenta que na sua obra Antonio Candido subverte fronteiras do gênero ensaístico ao produzir um texto que é também "literatura de testemunho". Ampliando seu campo investigativo, atenta para as dificuldades enfrentadas quando se pretende distinguir gêneros no âmbito da prosa moderna. Faz parte deste segmento o ensaio "Perfis", destacando Formação, O albatroz, Vários escritos etc. de Walnice Nogueira Galvão (DTLLC-USP), e "retratos de pessoas" entrançados nesses escritos. Com isso procura explorar a complexidade do pensamento crítico de Antonio Candido também na figuração de reminiscências, memórias em torno de intelectuais, militantes políticos, entre outros que compõem o repertório de seu interesse. Temos, ainda, Milton Ohata (DH-Cosac) com o ensaio "Ascensão à brasileira", sobre Um funcionário da monarquia. Seu estudo enfatiza a importante contribuição de Antonio Candido na análise da vida sociopolítica, das desigualdades sociais, da vida burocrática, contemplando a entrada do capitalismo industrial no Brasil do segundo Império. Em Depoimentos, um texto de Antonio Dimas (DLCV-USP), "Papel da aula", comenta a importância do diálogo com os mestres, registrando uma lição de Antonio Candido, que lhe foi entregue na década de 1960, sobre um tema solicitado pelo aluno sobre Euclides da Cunha. As duas folhas anotadas em papel jornal, que lhe foram entregues, continham uma preciosa orientação quanto ao conteúdo e ao método, que só mais tarde o ex-aluno pode avaliar. Em outra vertente, Marcos Antonio de 8 Literatura e Sociedade.

             Moraes (IEB-USP) apresenta o artigo "124 erros de revisão!". A discussão gravita em torno da segunda edição dos contos de Belazarte (1944) de Mário de Andrade, pela Americ-Edit (RJ) de Max Fischer. Em suas formulações e comentários, acompanha questões tratadas por Antonio Candido em Noções de análise histórico-literária (1959/2005), especialmente em relação ao "corpo da obra literária" e à "história deste corpo", como necessidade para sedimentar o exercício crítico. Nessa visada plural, Ligia Chiappini e Marcel Vejmelka (FU-Berlin) mostram "Antonio Candido na Alemanha" por alguns textos e entrevistas que divulgaram naquele país, no interesse de apresentar o crítico a um determinado público universitário e a intelectuais. Literatura e Sociedade 12 se encerra com "Sister 1982", uma criação de Vilma Arêas (UNICAMP) em homenagem a Antonio Candido.

 

SUMÁRIO

 

Entrevistas

entrevistas com Antonio Candido

18 • A experiência hispano-americana de Antonio Candido

Entrevistador: Pablo Rocca (U.Uruguai)

28 • Antonio Candido

Entrevistado porLuís Augusto Fischer(UFRGS)

38 • Antonio Candido e José Mindlin

Entrevistadora: Walnice Nogueira Galvão (DTLLC-USP)

 

Ensaios

passagens

62 • Ar de família: a turma de Clima

Heloísa Pontes (DA-UNICAMP)

74 • O Brasil dos caipiras

Luiz Carlos Jackson (DS-USP)

88 • Na sala de aula: Antonio Candido e a crítica literária acadêmica (1961-1970)

Rodrigo Ramassote (DA-UNICAMP)

literatura e sociedade

104 • Literatura e sociedade hoje

Edu Teruki Otsuka (DTLLC-USP)

116 • O recado dos livros

Paulo Arantes (DF-USP)

120 • Antonio Candido e "A culpa dos reis"

Maria Sílvia Betti. (DLM-USP)

128 • A hybris e o híbrido na crítica cultural brasileira

Raul Antelo (UFSC)

variações: Tese e antítese. O discurso e a cidade

152 • Dois em um (notas sobre Tese e antítese e O discurso e a cidade)

JoaquimAlves de Aguiar(DTLLC-USP)

164 • O discurso e a cidade: quatro esperas

Modesto Carone (UNICAMP)

176 • Antonio Candido em letra, voz e história

Jerusa Pires Ferreira (PUC-SP)

182 • O agudo olhar para as figurações da barbárie: perspectivas do presente em O discurso e a cidade

Ivone Daré Rabello (DTLLC– USP)

dinâmicas da obra

200 • Uma novela de emigração?

Boris Schnaiderman (DLO-DTLLCUSP)

204 • Perfis

Walnice Nogueira Galvão (DTLLCUSP)

210 • Ascensão à brasileira

Milton Ohata (DH-Cosac)

 

Depoimentos

218 • Papel da aula

Antonio Dimas (DLCV-USP)

224 • 124 erros de revisão!

Marcos Antonio de Moraes (IEBUSP)

240 • Antonio Candido na Alemanha

Ligia Chiappini e Marcel Vejmelka (FU-Berlin)

 

Criação

272 • Sister 1982

Vilma Arêas (UNICAMP)

275 • Biblioteca

Publicações do Departamento

279 • Apêndice

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